Uma comitiva de produtores rurais das regiões de Jaru-Uaru e Tarilândia, no município de Jaru (RO), esteve na manhã desta quarta-feira (8) no Ministério Público Federal (MPF) de Ji-Paraná, para pedir intervenção urgente diante das notificações de desocupação emitidas pela FUNAI, no âmbito da operação de desintrusão da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os produtores, que representam cerca de 60 propriedades rurais, alegam que são assentados há mais de 40 anos pelo próprio INCRA e que possuem títulos definitivos e escrituras públicas emitidas pelo órgão. Mesmo assim, estão sendo intimados a deixar suas terras produtivas, localizadas no Projeto de Assentamento D’Jaru-Uaru, no distrito de Tarilândia.
Durante o encontro, o grupo foi recebido pelo promotor Diego, que ouviu as reivindicações e recebeu documentos e cópias de títulos de propriedade. No entanto, ele explicou que o caso não pertence à sua jurisdição, já que atende às regiões de Ouro Preto e Vilhena. Por esse motivo, o MPF de Ji-Paraná encaminhou a representação ao Ministério Público Federal de Porto Velho, que deverá analisar a situação e tomar as medidas cabíveis.
Os produtores afirmam que vivem um momento de apreensão e incerteza, temendo perder tudo o que construíram ao longo de décadas. Segundo eles, a ação de desintrusão atinge famílias que produzem alimentos e movimentam a economia local, contribuindo para o desenvolvimento do município.
A região do PA D’Jaru-Uaru é conhecida por sua produção de leite, gado de corte, suínos e aves, além do cultivo de milho, café, feijão, cacau e hortaliças, que abastecem tanto o comércio de Jaru quanto municípios vizinhos. “Essas terras são produtivas e sustentam centenas de famílias. Não somos invasores, somos trabalhadores que investiram a vida aqui”, afirmou um dos produtores presentes na reunião.
O grupo espera que o MPF de Porto Velho avalie o caso com urgência e reconheça os erros de demarcação geográfica do INCRA, que já teriam sido reconhecidos em nota técnica emitida pelo próprio órgão. Eles pedem que o Governo Federal e a Justiça considerem a documentação existente antes de qualquer medida de desocupação.
> “O que pedimos é apenas justiça e respeito. Queremos que nossas famílias continuem produzindo e vivendo com dignidade nas terras que o próprio Estado nos assentou”, disse um dos representantes do grupo.
A situação segue sob análise, e os produtores aguardam um posicionamento oficial do Ministério Público Federal sobre o caso, que vem gerando forte mobilização social em todo o distrito de Jaru-Uaru.